domingo, 5 de dezembro de 2010

Meu casamento está se desgastando por bobeira. O que fazer? Nossa guru de sexo fala sobre como amenizar este problema

Por Redação Marie Claire
Editora Globo
Sou casada há 12 anos e de um ano para cá meu marido e eu temos nos estranhando, discutindo mais do que o normal. Isso coincidiu com o início da minha pós-graduação, que me faz passar mais tempo fora de casa e me deixa às vezes cansada, sem pique para acompanhá-lo em todos seus eventos. Me esforço para não brigarmos, mas às vezes é difícil. Temo que a nossa relação se desgaste por bobeira. Priscilla Salomé, São Paulo (SP)

Depois de algum tempo de convívio, muitos casais discutem e reclamam sobre diferenças na forma de pensar e de agir do seu parceiro. E como não conseguem resolvê-las, pois dificilmente conseguem comunicar suas necessidades de maneira clara, às vezes por medo de ofender ou magoar o parceiro, acabam travando uma briga com suas próprias ansiedades, medos, irritabilidades, depressões e, finalmente, culpas. Invariavelmente, um dos parceiros inicia uma série de “ataques” ao outro.
O grande complicador é quando o outro acata todas as acusações como se fossem reais e cede às vontades do parceiro sem sequer discutir outra forma de resolver o problema. Um exemplo: ele pede para saírem e se divertirem um pouco com amigos, conta que é uma necessidade dele. Ela responde que está cansada porque trabalhou demais. Ele, ainda que deseje muito sair, acaba ficando em casa, por solidariedade e amor à parceira. Esse tipo de comportamento do casal começa a ser uma constante, e a raiva e rancor começam a fazer parte do dia-a-dia dos dois como se fossem a tônica do relacionamento.
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Pode ser que em algum momento o convite para alguma atividade social parta dela. Aí é a vez dele, movido pela raiva, dizer que está estressado e com dor de cabeça e por isso decide não ir. Ela se culpa por ele não ter ido sozinho na última vez e fica a seu lado. Mas a raiva dela também aparece. Enfim, inicia-se aí uma enorme bola de neve que os impedem de serem seres individuais numa vida a dois.
Desse momento em diante todo e qualquer ponto de conflito os levará a uma retomada da raiva inicial, e todas as brigas e necessidades internas são trazidas à tona, como se o outro fosse o culpado por tudo isso. É o outro o motivo de sua infelicidade individual.
Quando perguntamos ao casal sobre o que fazem individualmente para terem lazer e qualidade de vida, eles respondem: nada. Obviamente, com a justificativa de serem muito próximos e de não se sentirem bem o bastante para irem a um programa sozinhos. Muitos não percebem que para haver harmonia no relacionamento existe a necessidade, primeiro, de estar bem consigo próprio, de ter prazer com suas próprias atividades.
O casal capaz de preservar suas individualidades e de correr atrás de seus interesses pessoais sozinho, como, por exemplo, fazer uma pós-graduação, pode estar num momento de intimidade maior do que aqueles que se encontram sempre juntos vivendo uma vida estressada por não terem o que contar um ao outro, por não terem assunto.
É importante cuidar de seus múltiplos interesses assim como do relacionamento, caso contrário, a tendência é que o casal brigue, se afaste e acabe virando colega um do outro, e não um par que tem intimidade e confiança o bastante para poder estar longe fisicamente e perto afetivamente.
No processo terapêutico de casais, o momento mais importante é aquele em que cada um dos dois se reconhece como um ser único, que está com o outro por vontade própria e não por conveniência, medo, culpa ou qualquer outra coisa que não seja por vontade de estar. Existe sempre a possibilidade de encontrar caminhos e saídas para as dificuldades dos casais sem que haja a necessidade de separação.
Marta Santos
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