domingo, 5 de dezembro de 2010

03/11/2010 - 15h47

Teoria sobre dedos indica que neandertais tinham vida sexual agitada

PARIS, 3 novembro 2010 (AFP) - O homem de Neandertal talvez seja lembrado apenas como aquele nosso ancestral de aparência carrancuda e sempre munido de um tacape, mas em um importante aspecto de sua vida social esses homens das cavernas podem causar inveja a seus descendentes modernos: a grande intensidade de suas atividades sexuais.
É o que afirma um estudo publicado pelo Journal Proceedings of the British Royal Society, que sugere que o comprimento do dedo pode indicar promiscuidade entre hominídeos, como a antiga família dos humanos é conhecida.
Pesquisadores liderados por Emma Nelson, da Universidade de Liverpool, noroeste da Inglaterra, observaram fósseis de dedos de quatro espécies de hominídeos.
Esses fósseis compreendem o Ardipithecus ramidus, um hominídeo que viveu cerca de 4,4 milhões de anos atrás; o Australopithecus afarensis, entre três e quatro milhões de anos, os Neandertais, que desapareceram há cerca de 28 mil anos; e um fóssil de um Homo sapiens, como os humanos modernos são anatomicamente conhecidos, de cerca de 90 mil anos de idade.
A teoria de Emma Nelson é baseada na razão entre o comprimento do dedo indicador se comparado com o dedo anelar.
Pesquisas anteriores realizadas por seu grupo concluíram que a exposição no útero a hormônios sexuais como andrógenos, nos quais se inclui a testosterona, afeta o comprimento dos dedos - e comportamentos sociais futuros.
Altos índices de andrógenos no útero aumentam o comprimento do dedo anelar em relação ao segundo dedo, que assim diminui a proporção.
Eles também estão relacionados com competitividade e promiscuidade, de acordo com a pesquisa.
Então como ocorreu com os primatas?
Uma baixa proporção dos dedos apresentada pelo Ardipithecus ramidus indicou que ele era mais despudorado, enquanto uma alta proporção nos dedos do Australopithecus afarensis demonstrava a preferência por exclusividade.
Enquanto isso, as proporções baixas dos Neandertais e dos primeiros humanos "sugerem que os dois grupos podem ter sido mais promíscuos que a maioria das populações humanas", afirmam os autores.
Os cientistas admitem que sua abordagem é nova, e são necessárias mais evidências para lançar luz sobre o comportamento social dos seres humanos antigos.
"Apesar das proporções dos dedos fornecerem algumas sugestões muito excitantes sobre o comportamento dos hominídeos, aceitamos que a evidência é limitada e para confirmar essas descobertas realmente precisamos de mais fósseis", disse Nelson.
As conclusões do estudo acrescentaram um novo elemento no debate sobre a linhagem humana. Mais espécies promíscuas de hominídeos teriam uma vantagem sobre as monogâmicas, em termos de número e tamanho do grupo genético.
"A harmonia entre o casal, em um sentido amplo, é universal entre humanos, mas não se sabe quando a transição de um sistema promíscuo para um estável ocorreu", conclui o estudo.

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