quinta-feira, 18 de setembro de 2014


Matéria : Sexo sem censura

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Sexo sem censura

Nos anos 1970, carreiras foram obscurecidas em razão de cenas de sexo explícitas. Quatro décadas depois, a temática volta às telas. Por que agora é diferente?

Ivan Claudio e Ana Weiss
A lista de recomendações aos pais elaborada pelo site Internet Movie Database, o maior banco de dados digital sobre cinema, alinha 21 situações de “sexo pesado” na página do filme “Ninfomaníaca”, que estreia no dia 10. Dois exemplos: mulher e homem fazem sexo anal; mulher faz sexo oral em um homem na cabine de um trem e cospe o seu sêmen. Centrada nas confissões eróticas de uma jovem a um homem que lhe dá abrigo após encontrá-la inconsciente, a nova provocação do cineasta dinamarquês Lars Von Trier não se encaixa na categoria de filme pornográfico. Essa mesma ressalva se aplica a outros lançamentos recentes, como “Azul É a Cor Mais Quente”, com sua famosa cena de sete minutos de uma relação lésbica, e “Um Estranho no Lago”, repleto de sequências de intimidade entre homens numa praia de nudismo. O fenômeno atingiu também o cinema brasileiro em “Tatuagem”, sobre o amor entre um ator e um soldado do Exército na Recife dos anos 1970. Cabe aqui outra observação: o foco não é restrito ao universo homossexual. Além de “Ninfomaníaca”, “Spring Breakers”, exibido no Festival do Rio e ainda sem data de lançamento, traz ousadas passagens eróticas heterossexuais e o mesmo acontece com “Jovem e Bela”, sobre uma adolescente francesa que se prostitui por diversão.
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OUSADIA
Stacy Martin e Shia LaBeouf em "Ninfomaníaca":
substituídos por atores pornôs nas cenas pesadas
No passado, obras como essas eram perseguidas pela censura e acabavam estigmatizando a carreira de seus atores, como aconteceu com a francesa Maria Schneider após o escândalo de “O Último Tango em Paris” (1972). Hoje são premiadas. Pela primeira vez em sua história, o Festival de Cannes concedeu uma Palma de Ouro conjunta ao diretor e às duas atrizes de “Azul...”, Abdellatif Kechiche, Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux. Em sua edição de dezembro, a revista francesa “Cahiers du Cinéma”, que identifica tendências para o mercado, colocou a trinca de filmes “Um Estranho no Lago”, “Spring Breakers” e “Azul...” como os três melhores lançamentos de 2013. O que teria mudado dos anos 1970 para os dias de hoje? “Muito do que foi preconceito durante milênios hoje faz parte da sociedade e não pode mais ser repreendido, por uma questão até legal, caso do homossexualismo”, diz Márcia Bittar Nehemy, psicóloga-clínica especialista em sexualidade humana e autora do livro “Os Deuses e o Amor”.
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INTIMIDADE
A dupla de "Azul...": uso de próteses não torna o sexo menos real
Para a analista, o grande impacto dos filmes talvez se deva ao constrangimento que o sexo ainda causa em certos setores da sociedade. Os próprios atores sentem isso na pele. A atriz Charlotte Gainsbourg, intérprete da ninfomaníaca, no filme chamada apenas de Joe, confessou que mesmo confiando no diretor sentiu-se desconfortável em certas cenas. “As situações masoquistas foram bem embaraçosas, tinham um lado humilhante”, disse ao jornal inglês “The Guardian”. Para evitar isso, os cineastas vêm adotando práticas que protegem os atores da exposição. Em “Um Estranho no Lago”, por exemplo, que teve dificuldades na seleção do elenco, optou-se por dublês. Atores pornôs foram contratados em “Ninfomaníaca”, como relata a atriz Stacy Martin, que vive Joe adolescente: “Você está atuando, aí corta e o set torna-se outro. Era como se dois filmes estivessem sendo feitos ao mesmo tempo.” Quando se mostra a genitália, recorre-se a próteses de silicone, artifício usado em “Azul...”.
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Se isso facilita – e não coloca mais em risco a imagem dos atores –, não muda o fato de que o sexo está sendo mostrado de forma gráfica e até explícita. Segundo a psicóloga Giovanna Lucchesi, especialista em sexualidade humana e terapeuta de casais, esses filmes vêm a reboque do que está acontecendo na realidade e não se restringem mais a questões de gênero. “O que se percebe no consultório e em pesquisas é que as pessoas deixaram de ver o sexo como segredo e hoje o enxergam como parte importante do cotidiano e da busca da qualidade de vida”, diz a psicóloga. Outro fator que corre paralelo a essas mudanças é a exposição das pessoas na internet. Para Andréa Soutto Mayor, autora de “O Amor É uma História”, “essas produções surgem no embalo de um fenômeno que está muito ligado à web, onde se pode experimentar todo tipo de fantasia”. E se propõem justamente a retratar e refletir esse momento.
Fotos: Divulgação


sábado, 10 de novembro de 2012

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Cinquenta tons de briga
Após três meses de fenômeno popular, chega ao fim a trilogia "Cinquenta Tons". Os personagens sadomasoquistas da série que arrebatou o público feminino agora decidem se casar
Marcos Diego Nogueira



Após atingir a fantástica marca de 40 milhões de livros vendidos em todo o mundo, a trilogia erótica “Cinquenta Tons...”, da escritora inglesa E L James, tem o seu último volume lançado também no Brasil esta semana, saciando a curiosidade dos leitores que não conseguem se afastar dos calhamaços de cerca de 500 páginas cada um. Em “Cinquenta Tons de Liberdade” (Intrínseca), o relacionamento amoroso entre a universitária Anastasia Steele e o jovem empresário Christian Grey atinge tonalidades acima do “soft porn” que transformou a autora em fenômeno literário entre as mulheres e trouxe de volta às listas dos best-sellers um gênero de romance que estava esquecido. Logo nas primeiras páginas desse terceiro episódio, o casamento dos dois protagonistas é mostrado com todo o luxo que um executivo endinheirado pode oferecer. A partir daí, no entanto, a malícia e o prazer do sadomasoquismo que marcaram os volumes anteriores da série dividem o lugar com os conflitos cotidianos de um casal às voltas com a pergunta básica dos que se propõem em relacionamento duradouro: teria sido uma paixão fugaz ou está nascendo um amor verdadeiro?

Essa constatação óbvia é defendida pela autora, que iniciou a trilogia em 2009. O primeiro livro mostra o encontro, em uma entrevista, da aspirante a jornalista, de 22 anos, e do bem-sucedido empresário, seis anos mais velho. A paixão, instantânea, é acompanhada de uma proposta indecorosa: o amante sugere à garota um tratado de submissão em que ele teria o controle do prazer. Em linguagem direta: sadomasoquismo. O segundo estágio da paixão flagra Ana (como também é chamada) em dúvida a respeito de seus sentimentos. Ela muda de vida, tenta esquecer o parceiro, mas volta atrás após uma “renovação” no tal acordo. Em “Cinquenta Tons de Liberdade”, o casamento é a prova de fogo para os dois, que se veem obrigados a encarar as inseguranças pessoais e superar as primeiras brigas.


SINTONIA
A escritora E L James apostou no sucesso da literatura erótica
desde que fosse feita com boa dose de romantismo

Enquanto Grey não consegue conter o impulso dominador, Ana tem dificuldade de se encaixar no padrão do seu rico marido. Sofre também com a linha tênue que separa a submissão sexual da conjugal. “Talvez devêssemos combinar uma senha para quando ele estiver agindo de forma autoritária e dominadora, para quando estiver sendo um babaca. Dou uma risadinha. Talvez a senha devesse ser babaca. Uma ideia muito interessante”, diz a si mesma a personagem feminina em determinado momento do livro.

Segundo o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, autor do livro “Ciúme: o Lado Amargo do Amor” (Summus), esse é o momento que todo casal vence antes de assumir um compromisso duradouro. “Existem diferenças qualitativas entre namorados, casal e família. Na relação conjugal, a convivência deixa de ser um brinquedo, um prazer, para ser uma responsabilidade de manutenção de uma casa e da própria relação”, diz Ferreira-Santos.



A capacidade de moldar essas receitas numa trama palatável e provocante é um dos atributos que tornaram a obra de E L James facilmente identificável para os leitores, especialmente do sexo feminino. “A pornografia para as mulheres não é nova. Mas houve uma permissão social com ‘Cinquenta Tons’. É um livro que apresenta um romance e isso facilita a leitura”, diz a psicóloga especialista em sexualidade Giovanna Lucchesi. Uma estratégia de sucesso da editora foi não deixar o ímpeto dos leitores esfriar. Da chegada do primeiro livro até o último, o intervalo foi de três meses, tempo muito curto para lançamentos desse porte. O próximo passo será produzir o filme em tempo hábil para que seja lançado em 2013 e pegue carona no fôlego que mantém o título entre os mais vendidos. Fôlego esse que Anastasia Steele e Christian Grey perseguem para manter acesa a sua relação.



Fotos: Glowimages; The Toronto Star/ZUMApress.com; Divulgação



O livro chega às lojas na quinta-feira 8. Leia um trecho do primeiro capítulo:



Olho para cima, pelas brechas do guarda-sol verde, para o mais azul dos céus: um azul de verão, um azul mediterrâneo, e solto um suspiro de satisfação. Christian está ao meu lado, estirado sobre uma espreguiçadeira de praia. Meu marido — meu belo e sensual marido, sem camisa e usando uma bermuda feita de calça jeans cortada — está concentrado em um livro que prevê o colapso do sistema bancário ocidental. Pelo que todos comentam, é viciante de se ler. Eu nunca o tinha visto tão quieto assim, nunca. Mais parece um estudante do que o bem-sucedido CEO de uma das maiores empresas privadas dos Estados Unidos.

Estamos no final da nossa lua de mel, aproveitando o sol da tarde na praia do Beach Plaza Monte Carlo — um nome bem apropriado —, em Mônaco, embora na verdade não estejamos nesse hotel. Abro os olhos e fito o Fair Lady, ancorado no porto. Naturalmente, estamos hospedados a bordo de um luxuoso iate. Construído em 1928, o Fair Lady flutua majestosamente sobre as águas, soberano em relação a todos os outros iates do porto. Parece um brinquedo de dar corda. Christian o adora; suspeito até de que ele esteja tentado a comprá-lo. Francamente… homens e seus brinquedos.

Recostando-me confortavelmente, escuto a lista de Christian Grey no meu iPod novo e cochilo sob o sol de fim de tarde, relembrando o pedido de casamento. Ah, um pedido dos sonhos, no ancoradouro… Quase consigo sentir o aroma das flores do campo…

— Podemos nos casar amanhã? — murmura Christian suavemente no meu ouvido.

Estou languidamente recostada no peito dele, na cobertura florida do ancoradouro, satisfeita depois de fazermos amor apaixonadamente.



— Hmm.



— Isso é um sim? — Capto expectativa na voz dele.

— Hmm.

— Um não?

— Hmm.

Sinto seu sorriso.

— Srta. Steele, você está sendo incoerente?

Sorrio também.

— Hmm.

Ele ri e me abraça apertado, beijando o alto da minha cabeça.

— Então está combinado. Vegas amanhã.

Meio dormindo, levanto a cabeça.

— Acho que meus pais não ficariam muito felizes com isso.

Ele passa os dedos pelas minhas costas nuas, para cima e para baixo, acariciando-

me ternamente.

— O que você quer, Anastasia? Vegas? Um casamento grande, com tudo a que

tem direito? Vamos, diga.

— Grande não… Só os amigos e a família.

Ergo o olhar para ele, enternecida pela súplica silenciosa em seus brilhantes olhos cinzentos. O que ele quer?

— Tudo bem — concorda ele. — Onde?

 Dou de ombros.

— Pode ser aqui? — pergunta Christian, hesitante.

— Na casa dos seus pais? Eles não vão se importar?

Ele resmunga.

— Minha mãe ficaria no sétimo céu.

— Aqui, então. Tenho certeza de que minha mãe e meu pai vão preferir.

Ele acaricia meu cabelo. Eu não poderia estar mais feliz.

— Bom, já resolvemos onde; agora vamos definir quando.

— Você tem que perguntar para a sua mãe, é claro.

— Hmm. — O sorriso dele desaparece. — Posso dar a ela um mês, no máximo.

Quero muito você, não posso esperar mais que isso.

— Christian, eu já sou sua. Faz um bom tempo. Mas tudo bem: um mês está bom.

Eu beijo seu peito, um beijo suave e casto, e sorrio.

— Você vai se queimar muito — sussurra Christian em meu ouvido, tirando-me do meu cochilo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012


17.10.2012
Facebook é mais tentador que sexo

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Foto:Thinkstock
Por Nic Halverson
Gostaria de poder ressuscitar os grandes libertinos da literatura – Baudelaire, Nin, Rimbaud, para citar apenas alguns – só para ver suas reações perplexas ao lerem notícias como esta sobre a cultura contemporânea: segundo um novo estudo, checar o Facebook e o Twitter é mais tentador que fazer sexo e fumar.
Pesquisadores da Faculdade de Administração Booth, da Universidade de Chicago, usaram BlackBerrys para registrar as tentações, desejos e a força de vontade dos participantes do estudo ao longo de uma semana. Eles realizaram uma pesquisa on-line com 250 pessoas na Alemanha, um país sexualmente progressista, e concluíram que o desejo de interação via tuítes, fotos e comentários em redes sociais era mais forte que a fissura por sexo ou cigarros.
Os participantes, com idades entre 18 e 85 anos, receberam mensagens de texto sete vezes por dia, durante 14 horas por semana, e deveriam descrever que tipo de desejos sentiam ao recebê-las e os que tiveram nos 30 minutos anteriores. Também deveriam classificar a vontade de fumar e beber álcool. Conclusão: Facebook, Twitter e outras redes sociais são as tentações mais difíceis de resistir.
"Os desejos pela mídia podem ser comparativamente mais difíceis de resistir devido à alta disponibilidade e à sensação de que não custa nada se dedicar a tais atividades, mesmo que a pessoa queira resistir”, explica Wilhelm Hofmann, chefe do estudo, citado pelo Los Angeles Times.
Os resultados da pesquisa serão publicados em breve na revista Psychological Science.
Fonte: Los Angeles Times